quinta-feira
Pode pular, filho...
"Pode pular, filho, o papai está aqui."
O seu pai não estava ali, não estava em qualquer outro lugar, talvez estivesse no céu, não sei.
Ele observava a água da beira da piscina, agachado e vigiado pela mãe, aquela por trás dos óculos escuros. Era o que ele sempre fazia, e nunca caiu, nunca tentou pular. Ele não sabia nadar.
Mas a dois metros dele, outro menino, menor e barrigudinho, como são os meninos e meninas bem pequenos, erguia e voltava os pés e ameaçava pular, com os braços abertos, mas sentia medo. Logo ali na frente, na piscina, estava o pai do garoto. O pai dizia "Pode pular, filho, o papai está aqui!" e "Pode pular, o papai vai te segurar!", e o garotinho não ia.
Num instante, a ilusão se tornou mais forte que a realidade, e ele pulou. Pulou para os braç...
Ele não sabia nadar.
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